Vou falar sobre um tema que dizem ser da "modernidade": O Sexo Virtual!
Cada vez mais pessoas tem usado a Rede Mundial de Computadores para praticar seus desejos mais íntimos e impublicáveis.
A Internet tem se tornado menos mundial e mais "in-tima".
São pessoas de todo tipo, assim como é todo tipo de pessoas que se encontra nesta "terra de ninguém", na qual muitos pensam ser alguém.
Há gente bem intencionada, gente mal intencionada, gente buscando apenas um momento de prazer e gente até querendo encontrar uma relação séria.
Os motivos são variados: vão da total frustração nesta área dentro de um casamento, a facilidade de se ter vários parceiros pelos quais não se precisa manter compromisso, até a possibilidade de ter-se o que hoje é chamado de "sexo seguro".
Os motivos elencados, depois de um certo tempo, acabam por manifestar outras decepções, frustrações e angústias, pois nestas horas não se leva em conta as necessidades fundamentais da alma humana, que são de acolhimento, de pertencimento a alguém, de segurança sentimental, de aceitação de tudo que se é, com suas qualidades e com seus defeitos.
O ser humano não pode ser atendido em uma necessidade em detrimento de outras tantas que lhe são antecedentes e mais profundas. Sempre irá se querer mais, ter mais perto, saber se poderá haver continuidade.
No chamado "mundo virtual" ou se desenvolve o lado melhor que se tem ou se denigre de vez.
Alguns escritores renomados, tem dito que esta é uma pratica da modernidade e alguns até tem defendido como algo necessário como meio de aplacar as consequências da promiscuidade. Contudo, o que não se está discutindo são os efeitos invisíveis que, a médio e longo prazos, podem ser construídos na psique dos homens e mulheres envolvidos.
A alma tem inúmeras necessidades e não se pode "departamentalizá-las", pensando que se pode atender a uma, de qualquer maneira, sem que se reflita em outra. Até em uma empresa um setor influencia no outro e a alma é muito mais que uma empresa.
O chamado "sexo virtual" não é coisa nova, como alguns tem pensado.
O sexo sempre começa no "virtual", na sexualidade mais intrínseca do ser. Começa no fantasiar, no desejar, no projetar os sonhos mais profundos. Ora, tudo isto acontece no "virtual", no subjetivo. Assim como o Mestre disse que se um homem olha com desejo para uma mulher comprometida, no seu coração já cometeu adultério. Este é o lado negativo do desejo. O lado positivo é quando se alimenta tal desejo por quem se tem uma relação de compromisso e amizade profunda.
Se não é coisa nova, o que se dirá então da virtualidade cibernética? A resposta é simples: apenas é um meio, uma mídia que facilitou a expressão desta virtualidade interior de forma "enganosamente segura".
Muitas vezes, tal exercício virtual é como uma fuga de se encarar os desafios de um convívio face a face, com tudo que isto implica, com os perfumes e com os maus cheiros, com o diálogo franco e aberto e com os maus humores.
Há quem entre na "rede" apenas para um sexo casual e pensa que não está fazendo mal a si mesmo, pois se considera muito "forte" e esperto.
Há quem, desesperadamente, busca ser aceito e desejado e de igual modo acaba por ferir-se.
No mundo virtual, quase todos são perfeitos, sexy e resolvidos. Mas a verdade é que a maioria tem um prazer momentâneo, mas quando sai das salas de bate-papo, que são como que açougues com as mais variadas carnes penduradas para a escolha da freguesia, saem delas com algum vazio incômodo na alma, pois sentem que algo está faltando. É como uma droga poderosa que fornece uma "viagem legal" mas depois o faz entrar em grande depressão.
O sexo virtual não é bom nem mal em si mesmo. É apenas uma ferramenta. O que o torna bom ou mau é a postura de quem dele se utiliza, com quem utiliza e com que objetivo se utiliza.
Conforme o uso que se faz das muitas facilidades que nos são oferecidas, e, caso este uso seja de forma pretensiosa, mal-intencionada ou inocente, uma hora a alma cobrará as feridas e vazios com que foi marcada e o preço a pagar pode se tornar indigesto por ser tarde demais.
Os efeitos do sexo pelo sexo qualquer um que o pratique sabe muito bem, não é preciso que se diga. O que as pessoas desaprenderam é que, apesar de o sexo ser uma das principais necessidades do ser humano, não se pode tirá-lo do protocolo, do fluxograma com o qual foi criado, desagregando-o de todo um processo que lhe é peculiar, sem que se sofra as consequências psicológicas, e por vezes, até físicas advindas de tal postura. Isto ocorre com tudo o mais na vida.
Quando é assim, a compulsão se instala e a única forma de pacificar tal necessidade compulsiva é alimentar as outras necessidades mais primordiais do espírito, dos sentimentos mais puros e profundos da alma, reconhecendo que as carências mais intrínsecas e subjetivas do ser, são as que realmente importam, que são as que dão sentido e valoração a tudo o mais, fazendo com que a sexualidade, como dádiva divina se torne, não uma inimiga que destrói os sonhos mais íntimos, mas amiga que edifica para a boa consciência de uma relação sadia e para a plenitude da existência.
G. de Araújo Lima